quarta-feira, 15 de julho de 2015

A IGREJA COMUNITÁRIA E SUA PAUTA CENTRAL, O OPRIMIDO

É possível ser cristão e não se compadecer (leia-se, estender a mão) com os oprimidos?

Jesus estava prioritariamente ao lado dos pobres desde a sua chegada ao ventre de Maria (Lc 1:53), advertia os ricos sobre a incompatibilidade de seu estilo de vida com o Reino de Deus (Mc 10:25), proferiu no sermão do monte o manifesto mais lindo que já se ouviu a favor dos oprimidos (Mt 5).

A proposta do Evangelho é comunitária desde sua gênese (At 4:35), no entanto, o evangelicalismo brasileiro desvia-se dessa proposta na mesma proporção que cresce numericamente. Não é incomum se deparar com irmãos que professam esta fé mas manifestam-se energicamente contra os direitos humanos, a distribuição de renda e a proteção de grupos étnicos, unindo-se assim aos sentimentos vingancistas que eclodem do senso comum.

O movimento evangélico está corrompido, formularam uma agenda moral mas repelem qualquer possibilidade de intervenção no plano material. Estamos com o nariz enterrado no próprio umbigo, perdemos a perspectiva de zelo pelo próximo, afastamo-nos assim do Deus que
“(...) defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e roupa” (Dt 10:18).

Minha curta experiência nos três maiores segmentos evangélicos – pentecostalismo, neopentecostalismo e protestantismo tradicional – me levaram a seguinte observação: não há espaços vazios, quando negamos discutir temas sociais num púlpito e ocupamo-nos apenas com questões transcendentais, aprofundamos a lógica individualista que investe de fora para dentro da igreja. Exemplificando melhor, se no âmbito de uma comunidade evangélica discuto apenas a dimensão espiritual, sem difundir posições cristãs acerca da vida em sociedade, dou espaço para que prospere na igreja todo tipo de filosofias e conceitos que estão presentes sociedade à fora e que na maioria das vezes não condiz com nossa fé.

Por fim, deixo claro que esta discussão não se trata do velho debate “esquerda versus direita”, tampouco de posicionamento político partidário, mas de uma reflexão a respeito do papel da igreja enquanto agente social propositivo, transformador. É preciso retomar as bases da nossa fé, que só se traduz ao mundo através de nossas obras de cuidado e amparo ao próximo (Tg 2:15-17).


Quem dá aos pobres não passará necessidade, mas quem fecha os olhos para não vê-los sofrerá muitas maldições. Provérbios 28:27

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