Por Jefferson Tramontini*
Em 2001 os paranaenses estavam prestes a perder sua companhia de energia, a Copel, que seria privatizada, a preço de banana pelo governo demo-tucano de Jaime Lerner, que um ano antes havia doado ao Itaú, o Banco do estado do Paraná, o Banestado.
Sindicatos, parlamentares, entidades civis, movimentos sociais, partidos e milhares de paranaenses se uniram no Fórum Popular Contra a Venda da Copel e coletaram mais de 140 mil assinaturas para o primeiro projeto de lei de iniciativa popular a tramitar em uma assembleia estadual, que visava impedir a privatização da Copel.
Durante o mês de agosto daquele ano, quando se deram as votações do projeto, muitas foram as manifestações populares exigindo que os deputados impedissem a doação do patrimônio público. A ssesão da Assembleia Legislativa, a mais longa de sua história, já durava cerca de 22 horas quando em 15 de agosto mais de 3 mil estudantes ocuparam o plenário da casa com a palavra de ordem “A Copel é nossa, vender é traição!”.
Os estudantes, com apoio das mais de 400 entidades participantes do Fórum, permaneceram no interior da assembleia até a tarde do dia seguinte, cercados pela Polícia Militar lernista, fortemente armada. Na tarde do dia 16, cantando o hino nacional, os manifestantes saíram da Assembleia escoltados por parlamentares e militantes contra a venda da estatal energética e, em marcha, foram até a boca maldita, no centro da capital paranaense.
A sessão para a votação do projeto foi retomada em 20 de agosto, quando o Centro Cívico, onde ficam as sedes dos poderes em Curitiba, foi cercado pela PM, transformando-se num campo pronto para a guerra. E a batalha eclodiu quando a passeata, com mais de 20 mil manifestantes, chegou à região. O povo paranaense foi, em marcha, rompeu os primeiros bloqueios poiciais e chegou bem próximo à Assembleia. A batalha campal seguiu da manhã até a noite, 13 pessoas ficaram feridas nos confrontos.
Dentro do “plenarinho”, nos fundos da Assembleia Legislativa, após incontáveis manobras governistas, os deputados privatistas derrotaram o povo do Paraná por 27 a 26.
Mas não foi a última batalha, pois o Fórum continuou reunido e articulando manifestações e contendas judiciais. O clima contrário à privatização era tão forte em todo o estado que as pesquisas apontavam que mais de 90% dos paranaenses queriam manter a Copel pública. Nessa conjuntura, nenhum “investidor” topou arriscar-se.
Atualmente, quando a Copel passa a sofrer novamente ameaças veladas de privatização, capitaneadas pelo tucano Beto Richa, cabe lembrar dessa grandiosa história de luta, onde o povo do Paraná foi vitorioso, mostrando que era possível derrotar a elite entreguista que então governava a maioria dos estados e o país.