sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Morador do Quarto 30 [parte 2]

Minha última postagem sobre o encontro que tive com Juan Carlos, médico cubano que está clinicando em Paranhos-MS, omiti por descuido uma informação importante.

Juan me descreveu uma condição que impôs para trabalhar na cidade. Conversando com as autoridades competentes na prefeitura municipal, o médico alertou o secretário de saúde que após o termino das consultas agendadas com brasileiros, abriria espaço para os paraguaios que desejassem receber seus cuidados. Foi advertido que não poderia fazê-lo, pois embora as cidades fossem emendadas por uma fronteira seca, os serviços de saúde do SUS eram específicos àqueles munícipes.

O cubano fez questão de deixar claro que não se tratava de uma vontade pessoal, mas de um dever em atender todos quanto tivessem necessidade.

Este momento da conversa nos releva quão importante ter uma formação para além da perspectiva de mercado. Um curso que forma médicos sob a lógica liberal do lucro e da iniciativa privada na sociedade burguesa, transforma o paciente em consumidor. Mesmo no SUS, onde a "universalidade" da política pública está restrita aos membros de um determinado Estado Nacional. Claro que há possibilidade para atendimento de estrangeiros, mas a práxis profissional revelada nesta conversa nos mostra os limites deste atendimento quando prioriza uns em detrimento de outros.

Oxalá se formassem aqui médicos como se formam em Cuba, com perspectiva social, que entende a profissão não somente como meio de subsistência, mas como missão de vida.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Morador do Quarto 30

Paranhos é uma pequena cidade do interior sul-mato-grossense. Espremida entre fazendas postas numa planície chapada e com única estrada de acesso sublinhada pelas cercas de madeiras ligadas a arames. As portas da cidadela de cerca de 10 mil habitantes, um acampamento do MST em situação precária para recepcionar os viajantes que ali chegam, deixa a entender as contradições que um desavisado encontrara no percurso.



Paranhos é um retrato de tantas outras cidades do interior brasileiro. Tão distante dos grandes centros urbanos, a pobreza e a ausência de estruturas necessárias coexistem com as grandes propriedades fundiárias e o invejável passeio de caminhonetes 4x4 dos que ostentam a glória de ter enriquecido aonde muitos empobrecem.

Estive na cidade por ocasião do casamento de um primo – na verdade, primo da minha namorada, mas que o considero desta forma. A receptividade dos habitantes é incrível. Alegram-se com a presença dos “de fora” e a cada conversa surge uma amizade, afinal, em dois dias numa cidade deste porte não seria surpresa que encontrasse cada um pelo menos duas vezes.


Estamos numa fronteira sul-americana. Quando cessa a espessa camada de asfalto e se vê numa área quase circular a construção de um estandarte de bandeiras, estamos no Paraguai. As ruas de chão batido e as motocicletas que circulam pilotadas por crianças, homens e mulheres - às vezes amontoados em três num mesmo veículo - todos sem capacetes dão o tom da cidade vizinha, Ypejhú-PY.

No alto, o monumento que demarca a fronteira com o Paraguai (Ypejhú).

O Hotel Hebrom não tem qualquer aspecto de que mereça alguma estrela, mas a simpatia dos que ali atendem dispensa a necessidade do “luxo”. Os quartos estão dispostos em dois complexos, todos com as portas voltadas para fora, sem corredores. Um pequeno prédio com quatro quartos em baixo, quatro em cima. Outros tantos quartos se encontram em três partes de forma rasteira – sem andares – que se encontra em formato de “U”, mas ao contrário.

Em frente do hotel, uma costumeira praça com caminho de passeio, diversos bancos e um parquinho de chão de areia cercados de decoração de natalina com materiais recicláveis e dezenas de árvores com troncos encapados em material TNT.


Numa preguiçosa manhã de domingo em que o sol escaldante já nos presenteava com intenso calor, fui ao pequeno refeitório do Hotel para o café matinal. Pães franceses, fatias de cuca, presunto e mussarela. Era tudo. Sem faltar o tradicional café com leite. Foi servindo-me que esbarrei sem querer em Juan Carlos, que na intenção de desculpar-se proferiu alguma palavra em espanhol. “É paraguaio!” – pensei. Sentando numa mesa próxima, imaginei como seria interessante compartilhar alguns dedos de prosa com um filho de outra pátria. Foi quando decidi iniciar uma conversa da maneira mais original que me veio à cabeça:

– Que dia quente ein amigo!

– Yo no hablo português muy bien – respondeu meio sem jeito.

Arriscando um portunhol que não tenho coragem de transcrever, indaguei – É paraguaio?

– No – uma pausa para engolir o pão – Soy cubano!

Que espanto. Um cubano nos confins do Mato Grosso do Sul, morando ali no quarto 30 do hotel Hebrom numa fronteira seca com o Paraguai? Logo descobri que se tratava de um médico cubano, desses que desembarcaram no Brasil para trabalhar pelo programa “Mais Médicos”.

Juan Carlos já é experiente em missões cubanas a países que solicitam ajuda para suprir a escassez desse tipo de “mão-de-obra”. Por aqui como sabemos, a questão central se dá pela falta de interesse desta categoria extremamente elitizada em clinicar em cidades como esta. Este cubano já passou por Timor Leste, Haiti, Paquistão e Venezuela. Quando perguntado qual experiência mais lhe agradou, não pensou duas vezes ao responder Venezuela. No país do saudoso Hugo Chávez, o programa “Bairro adentro” levou médicos as favelas e comunidades mais carentes, aonde os serviços públicos rareavam. Ao contrário, a experiência que mais lhe desagradou foi no Paquistão, país majoritariamente muçulmano cravado entre o Oriente Médio e a Índia. O permanente conflito religioso entre muçulmanos e hindus geram assassinatos, atentados e todo tipo de violência advinda da intolerância religiosa.

Embora entenda que estava entrando num assunto constrangedor, não poderia deixar de perguntar sobre os honorários. Juan titubeou, enquanto tentava responder ficava evidente a preocupação em fazê-lo de forma cuidadosa. O cubano me explicou que a maior parte dos R$ 10 mil são destinados a uma conta pessoal que mantém para usufruir quando regressar a ilha, retira para si apenas uma quantia necessária para viver tranquilamente no Brasil. Rebolou para me explicar da porque uma quantia é depositada para o governo cubano, se justificou lembrando que contribuíam para que seu país oferecesse educação, saúde, cultura, serviços públicos de qualidade para seus conterrâneos. A excessiva preocupação da justificativa me fez intervir:

– Claro, compreendo Juan. Defendo a Revolução Cubana. Sou militante do Partido Comunista do Brasil!

O ar mudou. Estava expresso em seu olha que lhe tranquilizava com esta informação. Juan festejou e me disse das besteiras que já ouviu da boca de brasileiros sobre o regime cubano e indignou-se ao falar da lógica médica brasileira:

Juan Carlos Martinez Valido
– Con la salud de la gente no “se lucra”!

A simplicidade do cubano seja nos trajes, moradia ou nas relações pessoais contrasta com a pompa que geralmente pairam sobre os médicos brasileiros. Esta seria uma boa explicação para revelar porque Juan teceu tantos elogios a hospitalidade sul-mato-grossense. Por aqui é raro ter uma relação igualmente nivelada entre médicos e pacientes.

A conversa seguiu sobre tantos outros assuntos. Saindo do ambiente da conversa chamei a funcionária do hotel para tirar uma foto com o cubano. Juan sorriu meio sem jeito e entendi que a tietagem era um tanto vergonhosa, mas prossegui, afinal, foi uma honra conhecer Juan, um abnegado latino-americano que pôs seus conhecimentos a serviço do nosso povo.

Juan Carlos Martinez Valido - encontrei o nome completo no site do Ministério da Saúde - se despediu com uma saudação tipicamente brasileira e seguiu rumo ao quarto 30 do hotel Hebrom, local em que se instalou provisoriamente.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Maldita doença capitalista

por Eduardo Silva

A ideologia capitalista em que se afunda a nossa sociedade desde o final do feudalismo pode muito bem ser comparada a um câncer, pois vai corroendo de maneira devastadora os princípios nobres da sociedade em nome de um consumo doentio.

Karl Marx definiu o capitalismo de maneira primordial ao clamá-lo de "a ditadura da burguesia", pois este sistema apenas faz crescer aqueles que já estão ricos, e menospreza por completo a maioria da coletividade que vive a margem de uma vida digna.



O capitalismo transforma a população em ratos de laboratório, ensinando-os a consumir cada vez mais aquilo que não precisam e a acumular bens materiais de maneira totalmente desnecessária, dando a eles uma sensação de sacies e embriagues comparado ao uso de entorpecente, pois induz ao vicio do consumo ao ponto de fazer de seus adeptos dependentes desta droga chamada consumismo.


E como toda droga, esta também faz com que se deseje cada vez mais e mais, e podemos observar naqueles que são favoráveis ao capitalismo a necessidade de sempre comprarem mais bens, a adquirirem mais poses, pois nunca estão satisfeitos com aquilo que possuem.

Levando em consideração as palavras de Cristo sobre a vida neste mundo, jamais deveríamos ser favoráveis ao capitalismo, pois o mesmo declara ser contrario ao acumulo de bens terrenos como podemos observar em Mateus 6:19 e uma das ideologias capitalistas é o acumulo de bens, sendo portanto totalmente contraditório ser um Cristão capitalista.

Outro principio que encontramos nas escrituras e que contradiz a ideologia capitalista é a divisão de bens de maneira igualitária dentro da comunidade de atos dos apóstolos, que podemos observar em Atos 2:45 ; Neste começo de sociedade igualitária vemos uma atitude totalmente socialista onde todos gozavam dos mesmos direitos e deveres, e não existia nenhuma desigualdade social, portanto um modelo socialista de vida em comunidade.

Este modelo de vida deveria ser levado em consideração por aqueles que levam o nome de Cristo, pois se somos Cristãos deveríamos viver as palavras de Cristo como se fossem as nossas próprias palavras, e introduzir em nossos pensamentos o pensamento daquele ao qual cremos, e chamamos de senhor, e não levarmos em consideração um pensamento totalmente distante de Cristo, e que tem como objetivo afastar ao homem de seu ideal.

Assim como disse João batista ao reconhecer o ministério do messias sendo maior do que seu ministério, devemos permitir que Cristo cresça em nós, e que nossas ideologias diminuam para que assim possamos viver uma vida de total submissão a vontade divina.


O Cristão verdadeiro não deve ser um consumista inveterado, um cidadão que faz de sua vida uma pratica a favor do capitalismo, alguém que vive de marcas famosas e coisas caras, pois seu mestre maior bem frisou que estamos neste mundo para levar uma mensagem diferente, e não a mesma mensagem que se vê todos os dias neste mundo caótico.

Sejamos coerentes com aquilo que diz Cristo sobre o acumulo de bens materiais e passemos a acumular apenas tesouros espirituais que estão livres de serem roubados.,e assim poderemos dizer de maneira verdadeira e sem hipocrisia que somos seguidores do messias, e que amamos as suas palavras e ensinamentos.

Enquanto ignorarmos as palavras do mestre e nos rendermos ao pensamento capitalista que contradiz as escrituras seremos vistos como hipócritas diante do todo Poderoso, que deixou bem claro nas palavras de Cristo que odeia toda espécie de hipocrisia.

Ou tomamos uma decisão diante da vida em aceitarmos como verdades absolutas as palavras do mestre, ou seria melhor abandonar de vez qualquer associação com Cristo, pois ele não faz parceria com a falsidade.

Não existe tempo para brincadeiras quando falamos de servir a Cristo, e não existe espaço para Cristãos medianos, sejamos, portanto verdadeiros espelhos da gloria divina na Terra, verdadeiros exemplos de Cristãos.

Pois a vida que vivemos nesta Terra, vivemos para Cristo e não para nós mesmos, assim sendo não temos motivo algum para transformarmos os nossos dias em uma corrida do ouro, pois já somos ricos da graça divina, e escolhidos para sermos ricos na Fé , pois assim esta escrito em Tiago 2:5 “Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Tiago 2:5” 

Portanto aguardemos o reino celestial, pois nosso lugar já foi preparado pelo Rei dos reis, e em breve ele voltara para buscar os seus herdeiros.

Eduardo e. da silva(Apenas mais um servo entre muitos).


Eduardo é morador de Natal-RN, cristão protestante e fotógrafo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Carta a um amigo anticomunista


Caro amigo,

Depois de muito comentarem, resolvi ler sua carta “testemunho”. Quanto tempo não nos vemos camarada. Sempre te considerei um amigo, tenho ótimas lembranças dos anos em que militamos ombro a ombro.

Confesso que fiquei surpreso ao ler o relato em que descreve sua saída da União da Juventude Socialista (UJS) e das fileiras do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Mas o que mais me espantou em seu “testemunho” foi a forma com que expos sua nova concepção ideológica, regada de anticomunismo.

Lendo seu relato fiz uma breve reflexão. Compreendo suas indagações, um dia eu também as tive, mas nego os seus “porquês”. Por isso resolvi lhe escrever.

Desde minha filiação a UJS em 2005, muitos questionamentos tomaram minha mente. Pode alguém ser cristão e comunista? Posso servir a Cristo e aos ideais de Marx ao mesmo tempo? Claro que a resposta para essas perguntas vieram com o passar dos anos e o amadurecimento, mas lembro-me de um momento marcante nesta caminhada. Numa bela manhã de 2010, um velho professor de Filosofia do colegiado de Serviço Social da UNIOESTE nos levava a discussão de um célebre texto de Aristótoles, “Ética à Nicômaco”. Num determinado momento o mestre disparou: “Não há compartimentos na alma!”

– Caramba, é isso! – Pensei – Não há compartimentos na alma. Não sou ora cristão, ora comunista. Sou cristão e comunista. Sou tudo isso ao mesmo tempo. E é isso que sou!!!

Compreendendo os dilemas que o meu velho amigo teve, mas fiz o caminho inverso. Ao contrário de você, todos os meus questionamentos não me tornaram um anticomunista, mas reforçaram em mim a necessidade de lutar por outro modelo de sociedade. Por isso gostaria de respeitosamente desconstruir alguns argumentos que encontrei em seu “testemunho”.

Suas indagações são pertinentes, mas as respostas que encontrou são vazias e infundadas.  Chamar Lenin de assassino é no mínimo imaturidade teórica. Você apenas comprou a história contada do ponto de vista dos opressores, não há fatos concretos que provem tal teoria. Lenin foi o líder de uma revolução, e revolução é um processo dolorido com certeza, mas quem promoveu as maiores revoluções burguesas do século XVIII senão cristãos protestantes da Europa? Por acaso isso faz dos cristãos assassinos? Se chama Lenin de assassino pelo processo de guerra civil que desencadeou no pós-Revolução Russa, eu o chamo de herói. Um herói que defendeu seu povo, afinal, Lenin era apenas líder, os condutores desta revolução foram os próprios trabalhadores. Se defender sua pátria e os trabalhadores faz de Lenin um assassino, o que dizer de todos os cristãos que cerram fileiras nos diversos exércitos nacionais mundo a fora para defender os interesses da burguesia?

Evidente que as muitas experiências socialistas têm seus erros e acertos. Por muito tempo, cristãos e comunistas se opuseram num campo de batalha. Mas demonizar o comunismo por erros estratégicos não é muito inteligente. O que dizer então de uma potência norte-americana e seus líderes EVANGÉLICOS que matam e empilham corpos em nome da “liberdade”? O que dizer do catolicismo que levou milhares à morte em nome de Cristo? O que dizer dos cristãos que apoiaram ditaduras sangrentas com a desculpa de que combatiam o movimento comunista?

Acompanhei do interior a saga de muitos como você que deixaram o lar, suas famílias, sonhos e foram militar na capital paranaense. Embora eu saiba das imensas dificuldades que passam em Curitiba pela falta de recursos, acredito que sejam problemas relacionados a deficiência de estruturas que nosso partido possui e ao problema de gestão das nossas entidades, como capitação de recursos, do qual você também era responsável. E quanto a tudo isso, compreendo que o que passou foi duro para um jovem, mas tantos outros antes de você pagaram um preço ainda mais alto pela liberdade política do nosso povo.

Foi com pesar que vi por várias vezes você e outros camaradas usarem drogas. A maconha com mais freqüência. Isso é questão de escolha camarada. Milito nesta entidade desde os meus 17 anos e nunca usei tais substâncias, e todos sabem da minha abstinência do álcool. Infelizmente a questão das drogas e do álcool tem haver com uma cultura juvenil latinoamericana, me preocupo com isso, mas devo dizer que culpar a militância por seus vícios é no mínimo irresponsabilidade e falta de humildade quando atribuir a outros fatores uma escolha que é sua, somente sua.

Meu grande amigo, sua carta é bem mais extensa que a minha, há muitas coisas pelas quais poderia comentar, refutar ou mesmo concordar. Mas confesso que de todas elas, o que mais me chamou a atenção foi a forma como expõe sua convivência com os “socialistas e comunistas”, como se fosse um Daniel na cova dos leões. Ora, é este o evangelho que lhe converteu? Cristianismo acaso é viver como Jimy Bolha preso ao convívio de outros crentes e desprezando os relacionamentos com amigos que não partilham da mesma fé?

Lembro-me bem que nas últimas vezes em que estivemos juntos eu te chamei de “contradição ambulante”. Fazia isso no sentido de lhe alertar sobre a mistura incoerente entre comunismo e neopentecostalismo. Esses sim são incompatíveis. Não sou da turma do deixa disso, como cristão que carrega o legado de Lutero e Calvino, rejeito a “teologia da prosperidade” que Lagoinha e tantos outros “tele-evangelistas” como R. R. Soares e Valdemiro Santiago carregam. Isso não é evangelho, pelo contrário, é um tipo teologicamente medíocre e que vende fé, que vende gente, que vende indulgências modernas. Entre eles e os comunistas há sim um abismo, mas eu estou ao lado das bandeiras vermelhas.

Ora, dizer que comunismo e cristianismo são antagonismos é desconhecer a teoria social de Marx. Jamais afirmei que ser socialista me tornou mais cristão, porque isso não é verdade. Mas é preciso compreender que não há neutralidade neste mundo. Ou se é de direita ou de esquerda, e para mim, nada mais cristão que apoiar a derrota de um modo de produção que mata, escraviza e aliena.

Gostaria de dizer que sempre te chamarei assim, de amigo. Mas não posso admitir que suas más experiências sirvam de pretexto para um sentimento anticomunista que expõe nossa organização como se fossemos criminosos. Muitos cristãos deram suas vidas para construir o socialismo. Frei Tito e tantos outros dominicanos, Dom Helder Câmara, Hugo Chávez, vários padres sandinistas e outros tantos nas guerrilhas colombianas. Amigo, lhe indico uma ótima leitura sobre o assunto, a obra de Frei Beto, “Fidel e a Religião”.

Mas concordamos em algo, o comunismo e este evangelho da prosperidade que a Lagoinha lhe apresentou e você abraçou, são extremamente antagônicos. Mas cuidado, este evangelho também é antagônico com o que Jesus pregou e te levará cada vez mais “Distante do Trono”. A história do quadro amaldiçoado na parede é prova de que você abraçou um evangelho cheio de misticismo e judaizante, o qual Jesus veio romper.

Desejo-lhe sorte nesta vida. Eu seguirei sempre aqui, lutando contra o falso evangelho e para construir um mundo mais justo e fraterno.


Saudações socialistas!

sábado, 23 de novembro de 2013

Cristianismo X Capitalismo: ignoram as palavras de Cristo e se dizem cristãos


Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. 
1 Timóteo 6:9.


Com o crescente numero de Evangélicos aumentando no Brasil, vemos vários tipos de Crentes, desde aqueles que têm um compromisso maravilhoso com Cristo e aqueles que nada querem com o salvador alem de conquistar fortunas nesta Terra.

Eu realmente poderia falar daqueles que tem um compromisso verdadeiro, mas parafraseando as palavras de Judas (não o Iscariotes) eu preciso falar daqueles que tem se introduzido dentro da verdadeira Igreja de Cristo para corrompê-la. Quando digo Igreja de Cristo não estou fazendo nenhuma referencia a institucionalização da religião, com seus dogmas debaixo de quatro paredes, mas sim de pessoas, do coletivo daqueles que crêem em Jesus como messias independente de onde se reúnam e de quem os lidere. Pois a verdadeira Igreja de Cristo é o corpo do messias, e este corpo esta espalhado por todos os lugares deste imenso mundo onde vivemos.

Cristo de maneira enfática foi alguém que literalmente ignorou as riquezas deste mundo, as glorias desta terra nada eram para ele. Tanto que na tentação do deserto quando o adversário ofereceu os reinos deste mundo em troca de uma atitude de idolatria, a sua resposta fo“...Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás".Mateus 4:10”. 

Os reinos deste mundo com suas glorias são como esterco para aquele que tem o coração compromissado com o altíssimo.

Em inúmeras mensagens do próprio Cristo podemos observar que ele era totalmente contrario a uma visão de vida baseada em riquezas e poder, pois afirmou “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam". Mateus 6:19-20.

Em outro momento em um de seus discursos ele declara: "...Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" Marcos 10:23. Tal frase nos dias atuais seria vista pela maioria dos Evangelistas e lideres congregacionais como errônea, mas foi dita pelo mestre para enfatizar a realidade da vida daqueles que depositam a sua vida na ideologia de crescimento financeiro.

Tendo em mente esta frase de Cristo escrita em Marcos 10, eu me pergunto, será que as pessoas não compreendem que se ele disse que seria difícil para um rico entrar no reino dos céus, deveríamos evitar com todas as nossas forças dificultar a nossa própria entrada no reino de Deus, buscando as riquezas deste mundo?

Seria como se o Cristo afirmasse que usar camisas vermelhas dificultaria a entrada no reino de Deus, e mesmo assim começássemos a nos vestir cada dia mais de vermelho em uma atitude totalmente antagônica com a nossa declaração de seguidores de Cristo.

E isto é exatamente o que vemos na grande maioria dos templos religiosos de hoje em dia, pois por mais que cristo tenha sido enfático em sua vida e em suas palavras sobre buscar uma vida longe das ganâncias de um mundo cada dia mais capitalista, vemos os seus seguidores ignorando as palavras do mestre e em muitas vezes distorcendo as palavras de Cristo para continuarem com suas vidas baseadas na futilidade.

Eu espero e oro para que um dia possamos ter um mover de restauração. Um mover capaz de destruir estas ideologias medíocres que vemos em muitos púlpitos, e na vida diária de muitos “Cristãos” que tem como intuito aniquilar o real sentido da morte sacrifical de Cristo e sua ressurreição triunfal, transformando o maior ato da historia em apenas uma fórmula barata de "se dar bem" nesta vida temporal.

Desejo que o soberano que sonda os nossos corações possa trazer uma mudança verdadeira, uma conversão real e tangível para a vida de milhares de religiosos que apesar de conviverem diariamente dentro de seus templos, ainda não conheceram o verdadeiro Cristo dos Evangelhos.

Ass: Eduardo silva(Apenas mais um servo entre muitos outros).

Eduardo Silva, morador de Natal-RN, é fotógrafo e cristão protestante.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Um Mundo Livre desonrando uma Nação de Zumbis e seu líder cientista (análise de um álbum)

Quem conhece meu gosto musical sabe que sou admirador da obra do Nação Zumbi, desde o maestro Chico Science até Jorge dü Peixe.

Em função de uma twitada da camarada Andressa Cecchin, descobri a nova obra da banda pernambucana. Trata-se de um disco em que seus conterrâneos e igualmente idealizadores do movimento "Mangue beat", o Mundo Livre S/A, cantam músicas do Nação, e vice-e-versa.


O álbum é dividido ao meio, em cada parte uma banda interpreta a outra.

Eis minha modesta percepção sobre a obra:

Enquanto o Nação deixou a obra do Mundo Livre muito mais atraente do que realmente é, Fred 04 e sua trupe empobreceram os Zumbis de tal forma que Chico Science só não deve se revirar no túmulo porque a homenagem procede de um velho amigo. Mundo Livre destruiu a obra da Nação Zumbi... eita banda ruim de rachar o coco!!!

Para baixar o álbum completo clique aqui.



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O PCdoB e os 10 anos de Governos Progressistas



Julio Veloso. Sec. Nacional de Juventude do PCdoB

"O Ideal e o Caminho". Este é o título de uma antiga revista sobre o Programa Socialista que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) apresentou a sociedade brasileira.

É a partir de um Programa de Nacional Desenvolvimento  que o PCdoB propõe construir um país justo e soberano, assentando assim, as bases para o socialismo.

Claro que esta construção não é um caminho fácil. Pressupõe romper com as velhas formas de um campo "marxista-dogmático", que enxerga o mundo pelo viés "8 ou 80".

Compreendendo o revés político sofrido pela queda do muro de Berlim e a derrocada da URSS, os comunistas brasileiros que cerram fileiras neste partido, decidem por um caminho inovador. Apostam numa aliança com setores de centro-esquerda, encabeçado pela social-democracia petista, a fim de desenvolver o país com maior justiça social e no enfrentamento aberto as práticas neoliberais, ao mesmo tempo em que o partido acumula forças para cumprir a sua vocação: ser a vanguarda dos trabalhadores na construção do socialismo.

Portanto, o caminho que trilhamos é para alcançar o plano ideal, no entanto, pauta-se num mundo real, com forças políticas e sociais reais, com embates reais.

Neste sentido, a fala do camarada Julio Veloso nos esclarece aonde se situa o PCdoB a partir das experiências dos Governos Progressistas (Lula e Dilma), quais os limites e possibilidades da luta nosso tempo.

Presidente ou Presidenta? (minha própria teoria da conspiração)

Aqui pra você queridinho: fala com a minha mão!

Se ao ler esta pergunta você pensa: que perca de tempo esse debate!

Saiba que eu compartilho da mesma opinião. Mas devo-lhe dizer que nem todos pensam assim.

Há alguns dias, na timeline de um amigo de adolescência que tem grande simpatia pela direita (ser filiado ao DEM é sinal de grande simpatia pela direita, não acha?), figurou uma imagem da placa do carro presidencial, onde havia escrito: PRESIDENTA.

A postagem reproduzida a partir de uma página do facebook identificada como simpatizantes dos "tucanalhas", fazia uma crítica no minimo sem vergonha e esvaziada de conteúdo.

Questionar o termo "presidenta" é um sinal de desconhecimento da língua portuguesa. Mas a verdade é que eles não estão sozinhos, boa parte dos brasileiros escorregam no português "a la tupiniquin" (inclusive eu). Mas afirmar que o uso do termo deve-se a imposição do governo petista em forçar a criação de um novo vocábulo, aí já é burrice!

A verdade é que o termo PRESIDENTE pode servir para tratamento masculino e feminino. Mas segundo o dicionário e consequentemente os próprios linguistas, pode-se optar pelo termo genérico ou utilizar a palavra no feminino, PRESIDENTA.



Teoria da Conspiração:

Como me cansei de debater este tema com direitosos raivosos, mal intencionados e que babam veneno midiático, decidi criar minha própria teoria da conspiração... e no melhor estilo Olavo de Carvalho.

É simples. O termo presidenta não é novo. Foi forjado na década de 70 num intenso debate entre sindicalistas barbudões das fabricas do ABC (aquela escolinha de alfabetização implantada pela Wolks e outras multinacionais no Estado de São Paulo). O líder da rapaziada, um tal Lula Molusco, após os anos de chumbo e repressão compreende que somente dando sentido a vida dos operários eles viriam à luta política.

Foi numa fatídica manhã de sexta-feira (13) que Lula decide criar um partido. Qual a missão? Transformar o Brasil no país da libertinagem, do bacanal, do troca-troca, da "senvergonhice", do tchaca-tchaca na butchaca.

Para ter exito na missão, Lula empenha seu dedinho junto ao Capeta, que não contente com sua miserável oferta, fez o líder barbudão penar por longos anos até chegar ao planalto.

Lula não conseguiu cumprir plenamente o que prometeu à Lúcifer, mas elegeu Dilmete, a gatinha do planalto, a incumbindo de dar sequência ao plano. 


Após a reforma gramatical que alterou o tempo presidente para presidenta, Dilmete deu o primeiro passo para construir a ditadura gay. Logo mais, todo João se chamará Maria, e vice-e-versa.

...Então, tá feita a zona!!!

Ta Serto!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Artigo sobre a Redução da Maioridade Penal

Em artigo publicado por ocasião do V Simpósio Regional de Formação Profissional e XXI Semana Acadêmica de Serviço Social da UNIOESTE, abordo alguns pontos relevantes na discussão sobre a redução da maioridade penal no Brasil.

O artigo visa demonstrar o processo histórico do enfrentamento jurídico/ estatal à questão do adolescente em conflito com a lei, demonstra com dados de 2004 o perfil socioeconômico e étnico desses sujeitos e desvelar parte do discurso dos que defendem a redução da maioridade penal.

Considerando que este artigo é um primeiro passo na apropriação deste tema em termos científicos, ainda carece de muitos estudos para se avançar na analise, portanto, trata-se de uma pequena abordagem na qual procuro evidenciar que a redução da maioridade significaria uma volta à um passado superado, além de uma medida que visa eliminar do convívio social os "indesejáveis" ao invés de enfrentar as expressões da questão social que são as verdadeiras causas dos conflitos.

Para ler o artigo clique aqui.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entrevista ao Jornal Tribuna das Cidades


Segue entrevista que antecedeu a minha eleição à presidência do Conselho Municipal da Juventude (CMJ), dada ao Jornal Tribuna das Cidades para a edição de 29 de Julho de 2013. 





Perfil>>>
Nome completo: Anderson dos Santos Tosti
Idade: 25
Natural de: Cascavel        
Profissão/Formação: Estudante, Bolsista de iniciação cientifica.
Livro preferido: leio a Bíblia com freqüência e sou fascinado por “Os Miseráveis” de Victor Hugo.
Preferência ideológica/partidária: sempre a esquerda (risos).
Personalidade mundial ou nacional que admira: Ernesto Guevara, o Che.

Jornal Tribuna: Conte um pouco sobre sua trajetória política, como foi o seu primeiro contato com a política e de onde surgiu a vontade de participar?
Tosti: Nunca planejei estar na política, aconteceu por necessidade. Eu estava no ensino médio de um colégio periférico e repleto de problemas. Encontrei no grêmio estudantil uma oportunidade de intervir neste ambiente escolar. A partir daí nunca mais parei. Fui secretario da ACES (Associação Cascavelense dos Estudantes Secundaristas), coordenador geral do DCE da Unioeste em Toledo, colaborador da UPE (União Paranaense dos Estudantes) e dirigente da UJS (União da Juventude Socialista). Paralelo a isso, sempre participei de grupos de jovens em igrejas evangélicas, o que me ajudou a ter maior contato com as demandas da juventude das diversas camadas sociais.

JT: Qual é, na sua opinião, a importância do Conselho de Juventude para Cascavel?
T: O papel de um conselho é exercer o controle social, intervir diretamente na elaboração e execução das políticas publicas. Quando se trata desta faixa etária o desafio é imenso. Embora a juventude tenha sido protagonista nas mobilizações e vitorias mais significativas do povo brasileiro, apenas a partir de 2010 fomos incluídos na Constituição Federal como sujeitos de direitos que merecem uma especial atenção. Jovem era um termo popular, mas não constitucional, com uma série de direitos subtraídos e negligenciados. Os jovens estão entre os que mais sofrem com a violência, as drogas, o desemprego, a falta de perspectiva, com os problemas estruturais de mobilidade, saúde e educação. Quando se trata de Cascavel a situação é ainda mais agravante. Aqui há total ausência de políticas públicas voltadas para nós. O Conselho Municipal de Juventude vem para servir de canal de diálogo com o executivo, legislativo e outras instâncias. Precisamos trabalhar junto aos órgãos competentes para propor e construir essas políticas.

JT: Como você acha que pode contribuir para as discussões acerca da juventude em nosso município?
T: Como morador da periferia, conheço de perto as maiores necessidades da juventude. Contudo, é importante ressaltar que me dispus a ser candidato a presidência do conselho não como parte de um projeto pessoal, mas como porta voz de um grupo que se formou durante o processo que antecedeu a efetivação deste conselho. Para nós, o controle social só poder ser exercido em sua plenitude se o conselho tiver como centralidade a comunidade. Não queremos com isso propor uma cisão entre executivo e sociedade civil, pelo contrário, acreditamos que somente com a unidade de ação entre esses atores sociais vamos construir as políticas publicas necessárias para alcançar os anseios da juventude. Falando especificamente sobre minha contribuição, acredito que toda minha trajetória no movimento estudantil me ajudou a compreender que é necessário abrir canais de diálogo com os jovens: ir as comunidades, aos bairros, as praças, as escolas, enfim, é preciso democratizar a forma como se elaboram as políticas sociais. A juventude tem muito pra falar. Este conselho precisa ser uma ponte entre a juventude, suas demandas e o executivo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sobre meu ingresso na direção do PCdoB de Cascavel


Em 2005 fui eleito vice-presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Francisco Lima da Silva em Cascavel. Na ocasião, batizamos a entidade com o nome de Honestino Guimarães.

A convicção socialista já estava presente. Nosso então presidente, o camarada Mú (hoje presidente estadual da UJS) foi ao Congresso da UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas) e retornou falando de uma tal de UJS e num tal de PCdoB.

Não demorou muito até que enfim assinei a ficha de filiação da União da Juventude Socialista. Mal sabia que esta decisão transformaria radicalmente minha vida. Em 2008 veio a filiação ao PCdoB, ambas as fichas de filiação chegaram as minhas mãos através do camarada Mú.

Desde este dia, fui secretario de comunicação da Associação Cascavelense dos Estudantes Secundaristas (ACES), coordenador geral do DCE da Unioeste/ Toledo, colaborador da União Paranaense dos Estudantes (UPES) e presidente da UJS-Cascavel e atualmente eleito presidente do Conselho Municipal da Juventude.

No último dia 30 de Agosto, tive a honra de ser eleito secretario de juventude do PCdoB em Cascavel. Mais um capítulo da minha história na luta pelo socialismo com este glorioso partido. Desde meu ingresso nas fileiras do partido, jamais imaginei que chegaria até aqui. Pode parecer pouco para muitos, mas para mim é o reconhecimento a minha limitada contribuição e mais um espaço para seguir na luta que me motiva a fazer política.

1, 2, 3, 4, 5 mil, e viva o Partido Comunista do Brasil!!!


Após saída de Chico Brasileiro, vereador comunista de Foz declara: "O PCdoB é o meu lugar!"

Após Chico Brasileiro anunciar sua saída do PCdoB, o vereador comunista da fronteira Nilton Bobato divulgou carta em defesa do partido.

Sem polemizar com a saída de Brasileiro, Bobato diz que o Partido Comunista do Brasil lamenta a decisão mas que está acima dos projetos eleitorais.

Abaixo a carta do vereador Bobato:


O PCdoB É MEU LUGAR


Venho sendo questionado desde que se tornou pública a saída de Chico Brasileiro do PCdoB. Alguns querendo saber o que eu farei, como ficará o Partido, como ficará nosso projeto político.

Perguntas naturais tendo em vista a história que construímos juntos e todas as bandeiras que defendemos no mesmo espaço, mas não tenho dúvidas e nunca tive desde que me filiei: o PCdoB é meu lugar.

Há 20 anos, em 1993, ingressei no PCdoB pelas mãos de Chico Brasileiro (que agora segue outro caminho) e neste partido construí as bases da minha compreensão de mundo, da minha compreensão de sociedade, do meu entendimento sobre a forma de fazer política e, principalmente que a luta e um projeto político são maiores do que decisões pessoais. Não tenho dúvidas, a militância no PCdoB me moldou como agente político e ser humano.

Neste período compreendi que o PCdoB é mais do que um projeto eleitoral, é um Partido necessário para o país e por isso lutamos para fazê-lo avançar sempre.

Nestes 20 anos colaboramos para construir um PCdoB forte, presente e importante na vida de Foz do Iguaçu e do Paraná, elegemos sucessivamente quatro mandatos de vereador, a vice-prefeitura e nos oitos anos do governo que integramos, contribuímos com quadros fundamentais na saúde, na educação, na cultura, na administração e outros setores, todos reconhecidos pela probidade e pela eficiência administrativa.

Vamos continuar construindo. A saída de Chico Brasileiro representa a perda de um importante quadro, mas não perdemos a nossa capacidade de manter a luta pelo que é justo e necessário para este País, para este Estado e para esta Cidade. Continuaremos, como sempre continuamos.

Não me cabe comentar a decisão de Chico Brasileiro. Assim como já aconteceu com outros, cada um é responsável pelas suas próprias decisões. Desejo boa sorte e sucesso em seu projeto. Manteremos o respeito, mas também manteremos no PCdoB a luta pelo que sempre acreditamos, pela construção de uma sociedade melhor e pela organização de um tipo de Partido que não seja somente um projeto eleitoral.

Chico Brasileiro anuncia saída do PCdoB

Após 32 anos dedicados a construção do PCdoB, Chico Brasileiro anuncia sua saída do partido comunista. Em carta divulgada pelas redes sociais, Chico atribuiu a mudança de legenda como a busca de um partido com uma maior estrutura.


Segue a nota pública de Chico Brasileiro:

O que desonra não é mudar de partido, é mudar de princípios.

Aprendi a enxergar a importância da política antes de entrar para um partido.A consciência política nasceu do envolvimento com movimentos sociais através da pastoral da igreja católica.

Nesta fase de formação, despertei para necessidade de enfrentar as injustiças, a opressão da ditadura e a alienação.


Lembro-me das palavras de dom Pedro Casad'alga aos jovens: "lutem;transformem;mudem o que precisar mudar, mas não se distanciem dos príncipes da solidariedade,da ética e do bem comum".

Aos 16 anos de idade, resolvi aceitar um convite de amigos e entrei em um partido: o PCdoB. Mesmo sendo um partido clandestino- no inicio dos anos 80 - tinha uma atuação ativa no nosso meio.

Militei 32 anos no mesmo partido.Valeu a experiência.Sou grato ao PCdoB pela compreensão de mundo que me fez esmiuçar a realidade de forma dialética.Sou grato aos militantes aguerridos que sempre me acolheram e me ajudaram em muitas batalhas.

Deixo o PCdoB e ingresso no PSD.Tomo essa atitude por entender que na vida tudo tem o seu momento.O momento atual requer grande esforço para colocarmos em prática o que tanto teorizamos.Através de um partido mais estruturado busco contribuir no aperfeiçoamento da democracia e na implementação de políticas públicas que alcance verdadeiramente a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.

Mesmo em outra sigla, não esquecerei que princípios não se joga fora e assim seguirei...buscando o bom e o melhor para nossa sociedade.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O iluminismo da Geração Coca-Cola

Renato Russo é sem duvida o músico que melhor expressou as fases transitórias da juventude brasileira desde a revolta com o regime militar, à esperança dos tempos de “diretas já” e reabertura política, até a desesperança e o descaminho diante do caótico cenário neoliberal da década de 90.                                                              Que jovem contemporâneo de Renato nunca cerrou os punhos ao som de “Que país é este?”. Embora a canção seja tema no terceiro álbum da Legião Urbana lançado em 1987, foi durante a caduca ditadura militar e com influência do punk inglês que nasce o hit.

A contestação é tema presente em toda a discografia da Legião Urbana,  mesclam-se a elas canções bucólicas e outras que soam com tom profético de hinos religiosos que levavam reflexões a quem se dispusesse a ouvir.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há!” (País e Filhos, 1989).

Mas que canção seria mais emblemática para encabeçar a trilha sonora desta juventude que “Geração Coca-Cola”?

Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês 
Nos empurraram com os enlatados 
Dos USA, de 9 às 6.

Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.

É quase que um vômito, um tapa na cara da sociedade, um misto de repúdio e vontade de mudar os rumos. Com toda a energia do punk inglês radicalizado no planalto central, Renato anuncia a que veio e quem é esta geração:

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.

Conhecendo o repertório da Legião, nos soa estranho uma composição em que se intitulem “burgueses sem religião”, não foi a toa que Renato Russo foi tomado como um profeta moderno, um John Lennon brasileiro. O misticismo do caçula da família Manfredini permeava as letras e fazia a cabeça da moçada.

Nunca soube o que de fato este refrão significasse, mas tenho uma dedução:

Somos os filhos da revolução: esta é outra canção criada por Renato enquanto vocalista da então banda punk Aborto Elétrico. Seu pano de fundo é o declínio lento e gradual da ditadura militar. Os militares insistiam em chamar o golpe de “Revolução de 64”. Para mim esta primeira frase do refrão é uma clara ironia que em outras palavras diz: “estão escandalizados com esses punks vestidos de roupas rasgadas e questionadores da ordem e da moral? Parabéns, eis os filhos da sua “revolução!”

Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas a manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser?

Somos burgueses sem religião: Renato era filho da classe média brasileira, tinha sérios conflitos com seu pai, um economista de direita. Nunca foi um ateu, era conhecido por seus colegas pela busca da espiritualidade. Este verso me parece ter inspiração nos iluministas franceses, os burgueses revolucionários que subverteram a ordem do feudalismo, desafiaram a igreja e viraram a mesa do Estado. Invocam a mesma ousadia daqueles que decapitaram o rei da França para anunciar que está na hora desta geração romper com a sociedade vigente.

Para mim fica evidente a pretensão revolucionária nos versos seguintes:

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis.

Somos os filhos da revolução

Somos burgueses sem religião

Somos o futuro da nação

Geração Coca-Cola.

Posso ter viajado nesta análise, mas se terminou esta leitura com vontade de ouvir Legião Urbana tomando uma Coca-Cola gelada, já cumpri meu objetivo (risos).