quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A providência divina e Marina Silva

Tenho visto inúmeras críticas a candidata Marina Silva por declarar que não estava no voo que vitimou Eduardo Campos por providência divina. Não voto na Marina por discordar de seu programa político, mas também não posso concordar com esta crítica que lhe fazem.

Voto Dilma e também acredito na providência divina, aliás, é uma contradição se dizer cristão e não crer dessa forma. Deus é soberano e está no controle de TUDO.

Não que Marina seja uma iluminada, mas até mesmo as "injustiças" são providências divina. Logo, Campos também estava debaixo dessa providência.

Porque incriminar alguém que crê desta forma como uma figura desumana? Os ateus creem no mesmo, mas dão a isso o nome de "destino", "acaso" ou "acidente".

Irmãos, vamos centrar fogo no que realmente interessa o povo brasileiro, as propostas. E nisso, Marina é frágil demais.

domingo, 17 de agosto de 2014

É medíocre tornar Eduardo Campos um mártir antipetista

Lula, Dilma e Campos: aliados históricos.

Os conservadores distorcem a imagem de Campos e o elevam num pedestal como mártir antipetista. Mediocridade dos coxinhas acéfalos.


Surpreende-me a higienização da imagem de Eduardo Campos (PSB). Vítima trágica de acidente aéreo, o presidenciável tem mais votos agora de que antes de sua tragédia. Pior de que isso é que virou ícone de uma massa de coxinhas acéfalos que adotaram uma de suas frases e a proferem como um mantra nas redes sociais: “Não vamos desistir do Brasil!”

Pelo menos na minha time line diversos antipetistas evocam Eduardo Campos para usá-lo como mártir de uma campanha contra a presidenta Dilma. Para esses ou falta memória, ou há absoluto mau-caratismo. Relembremos quem foi Eduardo Campos.

Antes de tudo, Campos adentra na política pelas mãos do avô Miguel Arraes. Militante do campo da esquerda, Arraes teve seu primeiro mandato como governador de Pernambuco marcado pelo apoio do Partido Comunista, enfrentamento aos usineiros para garantir que o salário mínimo fosse estendido aos trabalhadores rurais, apoio as ligas camponesas e incentivas à criação de sindicatos e associações de trabalhadores. Não por acaso figura como uma espécie de pai dos pobres pernambucano. Arraes foi deposto pelo golpe civil-militar de 1964 e ao retornar para o Brasil reorganiza o PSB e governa o Pernambuco por outros dois mandatos.

Campos mantinha estreita relação com o MST
Campos é tido como homem mais flexível, muito mais conciliador que seu avô. Uma figura mais simpática a classe média – onde seu avô não obtinha muito prestígio – e dialoga muito bem com setores da direita. Uma espécie de socialdemocrata francês em terras tupiniquim.

Mas lembremos amigos coxinhas, Campos bebe da mesma fonte que Dilma. Foi ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula de 2002 a 2006. Governador da base governista, reeleito com mais de 80% dos votos em 2006 graças a habilidade de surfar nos programas sociais dos governos petistas. Somente no terceiro ano de mandato rompe em definitivo com a presidenta Dilma.

E sejamos honestos, Campos fazia críticas moderadas a este governo. Empenhava seu discurso em três eixos: o combate as alianças com velhos oligarcas do congresso nacional; a falta de sensibilidade em “ouvir as ruas” e a crítica ao projeto de desenvolvimento econômico que no último ano apresentou menor crescimento que na era Lula. Claro que o jogo eleitoral fez transparecer um lado mais fisiologista, para angariar votos e se diferenciar dos demais candidatos buscava transitar entre pautas tradicionais da esquerda – como a reforma agrária e o aprofundamento da democracia popular – e os anseios da classe média elitista e direitista – por exemplo, o discurso moralista e a bajulação ao agronegócio.

Avô e padrinho político Miguel Arraes
Por esses motivos sigo na afirmativa de que mesmo com todos os equívocos e personalismo crescente, Eduardo Campos era um político de ESQUERDA. Diferente da Marina Silva – a tartaruga sem casca – que se transmutou completamente em busca de um lugar ao sol, Campos tinha convicções claras e um programa progressista, tal qual seu grande aliado, Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso me espanta os conservadores elevarem sua imagem num estandarte contra Dilma. Para estes tenho algo a dizer: sejam menos cretinos na avaliação política e deixem de manipular a historia aos seus bel-prazeres.

sábado, 16 de agosto de 2014

Inclusão nos jardins do capitalismo



Ilha das Flores. O nome é sugestivo. Remete-nos a uma dessas ilhas caribenhas com praias paradisíacas e quiosques suspensos a beira-mar. Ou então aquelas ilhas fiscais onde vão parar todo dinheiro transportado em meias, cuecas e rechonchudas maletas de senhores trajados em ternos de linho italiano. Mas não se trata disso. Ilha das Flores é aquele fétido local onde a metrópole deposita seus dejetos

Em tempos de globalização, o discurso inclusivo está na moda. Não tenho críticas bem construídas sobre isso, mas discordo piamente do termo “excluídos”, quando se trata de denominar indivíduos a margem da sociedade. Ora, é disso que sobrevive o capitalismo. O marginalizado está absolutamente incluso nesta sociedade, não há capitalismo sem exclusão. Claro que a política de inclusão é extremamente necessária para minimizar a situação de pauperização de muitas pessoas, mas querer atribuir essas mazelas sociais como anormalidade é pura ingenuidade. O acumulo de riquezas peculiar a este modo de produção, inevitavelmente cria uma massa de sujeitos miseráveis que estão a beira da sociedade do consumo, mas absolutamente incluídos e necessários para manter a dominação de uma classe sobre a outra.

Um lixão, tal qual é Ilha das Flores, é onde o capitalismo se desfaz não somente dos restos alimentícios e de lixo inorgânico, mas onde se depositam os indesejáveis. Numa sociedade que crescentemente transforma tudo em mercadoria – até mesmo a fé – os seres humanos são comercializados, consumidos e também descartados.

A cena de pessoas circulando sobre o lixo e disputando os restos com os urubus é lastimável, mas infelizmente normal. A desativação dos aterros sanitários iniciada em 2014 é de extrema importância em termos de questões ambientais, mas é inegável que expurgará mais uma massa de seres humanos descartáveis para as ruas dos grandes centros urbanos.

Toda cidade que não se adequar as novas exigências de tratamento do lixo receberá pesadas multas. No entanto, ainda é permitido manter deposito de gente – as cracolândias que o digam.

Por isso, fica meu sincero apelo: se indignem, protestem, proponham, pensem alternativas aos despoitos humanos. Mas abandone esta visão apaixonada, não caia na ilusão de encarar essas cenas cotidianas como aberrações produzidas unicamente pela deplorável natureza humana. Entantam, isso faz parte do sistema e só poderá deixar de existir com a destruição deste. Os lixões são jardins do capitalismo!


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Violência contra a mulher e descaso da PM em Cascavel


Voltando para casa nesta noite de sexta-feira (01/08), me deparei com uma cena lamentável. Presenciei uma indígena sendo agredida por seu companheiro alcoolizado em frente a 3ª Companhia da Policia Rodoviária. A mão daquela senhora sangrava devido uma mordida que lhe arrancou a unha. De longe, um militar acompanhava tudo.

Entendendo que deveria ajudar a agredida, desci do carro e pedi o auxilio do policial, que me respondeu:
- Eles estão há muito tempo rolando aí na rua.
- O senhor pode ajudá-la? - Indaguei o policial, mas fui surpreendido pela resposta do mesmo:
- O que você quer que eu faça? Ela não vai depor contra ele.

Nesta altura eu já havia perguntado aquela senhora se gostaria de denunciar seu agressor à policia, a resposta foi positiva. Por isso disparei:
- Ela quer denunciá-lo senhor. - Mais uma vez a resposta do policial me pegou de surpresa.
- Ela não vai representar contra ele, e se representar, ela vai retirar a denúncia.

Já inconformado com o tom de naturalidade que o militar conferia a situação lhe perguntei:
- Mas o senhor sabe que de acordo com a lei Maria da Penha a denúncia não pode ser retirar por ela, não sabe?!
O policial disparou um olhar gélido em minha direção e disse:
- Tudo bem, vou chamar uma viatura para vir lhe atender e você será a testemunha.


No entanto, a indígena não aguentou a demora da viatura e após mais de vinte minutos de acionarmos a PM, não suportando a dor, me implorou para que a levasse até o UPA II. Descrente que uma viatura ainda viesse para atender a ocorrência, topei levá-la até a unidade de pronto atendimento.

Minha desistência diante da demora da chegada da PM fez com que o militar da 3ª Companhia copiasse a placa do meu carro e pedir meu nome e sobrenome, o que neguei a fornecer. Foi quando o policial disparou a última:
- Isso que dá querer se meter nos problemas alheios!


Levei a indígena até a UPA II e segui meu percurso normal até o bairro Floresta. No caminho, mais exatamente na rua Agostinho do Santos, pasmem! Me deparei com duas viaturas PARADAS. Uma em frente ao Corujão Bebidas, outra em frente a Farmaútil. Aparentemente, nenhuma das duas atendia alguma ocorrência, apenas conversavam com civis presentes no mesmo ambiente.

Pelo visto a PM cascavelense incorporou o (mal)dito popular: "Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher!"