sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Morador do Quarto 30 [parte 2]

Minha última postagem sobre o encontro que tive com Juan Carlos, médico cubano que está clinicando em Paranhos-MS, omiti por descuido uma informação importante.

Juan me descreveu uma condição que impôs para trabalhar na cidade. Conversando com as autoridades competentes na prefeitura municipal, o médico alertou o secretário de saúde que após o termino das consultas agendadas com brasileiros, abriria espaço para os paraguaios que desejassem receber seus cuidados. Foi advertido que não poderia fazê-lo, pois embora as cidades fossem emendadas por uma fronteira seca, os serviços de saúde do SUS eram específicos àqueles munícipes.

O cubano fez questão de deixar claro que não se tratava de uma vontade pessoal, mas de um dever em atender todos quanto tivessem necessidade.

Este momento da conversa nos releva quão importante ter uma formação para além da perspectiva de mercado. Um curso que forma médicos sob a lógica liberal do lucro e da iniciativa privada na sociedade burguesa, transforma o paciente em consumidor. Mesmo no SUS, onde a "universalidade" da política pública está restrita aos membros de um determinado Estado Nacional. Claro que há possibilidade para atendimento de estrangeiros, mas a práxis profissional revelada nesta conversa nos mostra os limites deste atendimento quando prioriza uns em detrimento de outros.

Oxalá se formassem aqui médicos como se formam em Cuba, com perspectiva social, que entende a profissão não somente como meio de subsistência, mas como missão de vida.

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